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terça-feira, 19 de junho de 2012

Eu de antes


Minha alma encharcada seca ao sol
Para secar o vento agride com brisa
Em meu varal, recordações enxutas
Sou aquele menino pé no chão enlameado
Encarreirado com umas duas frutas
Nas mãos pequenas e sujas

- A pipoca coronel! Avisa minha Bisa
Deito na rede pra ouvir suas histórias
E de baixo da mangueira adormeço
Passa Dó-ré-mi! Grita minha Vó ainda com alguns dentes
Tropecei em algumas lembranças
Andava mesmo expeço...

Revivos alguns momentos,
Recrio batalhas com siriguelas
Meço distâncias
Entre o eu de agora e o eu da infância
Sou a soma do que fui acrescentando
Eu sou ele... Mas continuo sendo eu
  
Thalles Nathan 19\06\12

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Quartas de cinzas



Teimava em ser Perrot
Castiguei-me preso à sina
Desejando sempre o mesmo amor

Agora que me aceito cravo
Não farei suco das mesmas rimas,
Deste poema ato escravo...

Por tanto amar-te, Colombina
Fiz do coração pétalas
E as espalho por onde escrevo

Fiz  de teus risos minhas escalas
Do batuque no meu peito desritmado
Samba de quintal evolução de enredo

E estando tudo entre nós acabado
Amarrarei os meus cardaços seus seu lembretes
Não farei para esse amor nenhum altar,
Um poema, mesmo um misero bilhete

(Thalles Nathan)  11\03\12

domingo, 17 de junho de 2012

Medo


Eu não tenho medo de dizer o que sinto...
...O medo é de que ele se espalhe em tudo que vejo
Realidade sempre foi meu pior pesadelo
Teus beijos ópios são obviamente entorpecentes

O medo não é amar, mas a dor causada pelo efeito
Tudo que calei pra ti, berrei com os olhos
É muito desassossego guardar tantos sentimentos
No espaço curto do peito

fere, fere de mais...
Esse desejo não coerente
Vivo do medo que me impede de viver

Thalles Nathan
17\06\12

Suicida póstumo



Há vocês que me amaram deixo alguns de meus versos
Apenas os mais velhos,
Para os que nunca foram com a minha cara deixo meu silêncio
As pessoas que nunca me entenderam...
Ficaram ainda com a incógnita
Para os que sempre souberam que eu não daria em nada,
Pois é... Deixo a vocês a razão

Minha carta suicida não são para vocês que choram 
Não desperdicem suas salgadas lagrimas.
Para os que não sentiram minha falta
Sobre eles estenderei minha ausência
Aos quês não acreditavam em mim,
Um riso de canto seguido de uma longa reticência...

Para os que têm medo da morte deixo meu medo de barata e meu nojo de pessoas como eu
Não me queimem, nem me enterrem. Apenas deixe-me apodrecer
Será breve a navalha passeando sobre minhas veias
Seu calor no corte esquentará meu nervo frio
Não me torturem salvando-me; deixei-me decidir meu fim
E aos quês se lembrarem de mim, esqueça-me no mesmo momento

Vocês quem lêem esse poema suicida não se assustem
... É apenas poema, fogo de palha, pura febre 
A Vontade será intensa, mas minha covardia reina sobre minhas mãos tremulas
Mas serei breve, deixarei que meus sonhos se enterrem
No fundo azul das minhas retinas fúnebres

Não tem suicídio quando seu espirito já estar morto,
Muito menos se enforca quem já vive sufocado,
Não se apaga fogo morno, 
Ou muito menos se vê alegria em sorriso de habito.
Até porque não se para um coração que já não bate...

Thalles Nathan 17\06\12